Tragédia na Indonésia expõe riscos do turismo em regiões remotas e levanta debate sobre cultura, geopolítica e segurança de viajantes solos

Tragédia na Indonésia expõe riscos do turismo em regiões remotas e levanta debate sobre cultura, geopolítica e segurança de viajantes solos

Turista brasileira morre em trilha de vulcão na Indonésia e caso gera debate sobre riscos do turismo em áreas remotas. O influenciador Ryan Santos critica a falta de estrutura local, a cultura diferente e o incentivo a viagens solo femininas em países muçulmanos. Para ele, a tragédia evidencia a importância da prudência e do preparo antes de aventuras extremas.

A recente morte de uma turista brasileira durante uma trilha em um vulcão na Indonésia despertou uma onda de comoção nas redes sociais e reascendeu o debate sobre os riscos de viagens em regiões remotas, especialmente para mulheres que viajam sozinhas. O caso, ocorrido em uma das ilhas mais isoladas do arquipélago indonésio, gerou críticas ao Itamaraty e discussões sobre a responsabilidade dos guias locais e a cultura regional.

Em um depoimento publicado nas redes, o nômade digital Ryan Santos, que já morou na Indonésia e é conhecido por abordar temas como geopolítica e segurança internacional sob um viés crítico, analisou o episódio com base em sua experiência pessoal. O relato viralizou ao misturar reflexões culturais, religiosas e sociais com a dura realidade enfrentada por turistas que se aventuram em locais de difícil acesso.

Turismo em áreas sagradas: entre o místico e o negligenciado

Santos destaca que muitas comunidades balinesas e animistas acreditam que os vulcões são moradas de espíritos. Nessas crenças, tragédias naturais ou acidentes podem ser interpretados como "o chamado da montanha" – oferendas involuntárias aos deuses locais. "Os próprios locais relatam isso, não é lenda urbana", comenta, citando fontes como Hindustan Times e Euronews.

O vulcão onde ocorreu o acidente já foi palco de outras tragédias. Em 2018, um terremoto na região de Lombok, provocado por atividade vulcânica, deixou mais de 500 mortos. "É uma região de histórico instável e com estrutura turística precária", comenta o viajante, que diz já ter sido abandonado no mar por um barqueiro na mesma região.

Críticas ao governo brasileiro: expectativas irreais?

Muitos brasileiros criticaram a suposta ausência de atuação do governo federal no caso. Ryan rebate: "O Itamaraty não tem como agir com agilidade num local tão remoto. Para se ter uma ideia, só o voo São Paulo–Dubai leva 15 horas, e mais oito horas até Bali, fora os deslocamentos locais. Não há base brasileira ali, nem apoio militar ou logístico próximo".

O influencer também compara o episódio com outras tragédias em regiões brasileiras como Fernando de Noronha. "Mesmo lá, se houver uma emergência, o atendimento completo é feito no Recife. Agora imagine uma ilha ainda mais isolada, com PIB per capita baixíssimo e infraestrutura quase inexistente", explica.

Religião, cultura e o papel da mulher: uma visão polêmica

Em uma parte mais controversa de sua análise, Santos critica o incentivo à prática de viagens solo por mulheres, especialmente para destinos de maioria muçulmana. "Mulher não deve viajar sozinha, especialmente para lugares com cultura tão distinta. Não é machismo, é uma constatação de risco real. A Indonésia é o maior país muçulmano do mundo e, em várias regiões, a mulher é vista como responsabilidade do marido ou do pai", afirma.

Ele cita inclusive aspectos religiosos para embasar sua argumentação. "O guia que a acompanhava pode ter interpretado o acidente como um sinal espiritual. Isso está dentro da mentalidade local. O que para nós soa absurdo, para eles é parte da cosmovisão tradicional."

Responsabilidades e limites do turismo de aventura

A fala de Santos também aponta para a necessidade de conscientização. "Guia turístico não é bombeiro. O papel dele é conduzir. Se há risco, o viajante precisa entender isso. O Caminho de Santiago, na Europa, é outro nível de estrutura. Na Indonésia, você pode passar horas sem sinal, sem socorro, e com riscos geológicos conhecidos."

Relatos de turistas e dados locais indicam que, naquela trilha específica, duas a três pessoas morrem por mês devido a acidentes e condições climáticas adversas. "A moça que faleceu sabia dos riscos. É uma fatalidade triste, mas não totalmente inesperada", comenta Santos.

Conclusão: repensando o papel da intuição e da prudência

Encerrando sua análise, Ryan Santos deixa um alerta: "Não se coloque em risco. Ouça sua intuição. Não é sobre machismo, é sobre realidade. Há lugares que exigem mais do que coragem: exigem estrutura, preparo e noção do ambiente onde se está inserido."

O caso serve como duro lembrete para viajantes de todo o mundo sobre a importância de se informar profundamente antes de embarcar para destinos extremos. Cultura, clima, religião, estrutura de resgate e a própria condição política do local devem ser levadas em consideração antes de qualquer aventura.


DFATOS continua acompanhando o caso e trará novas atualizações conforme o desenvolvimento das investigações na Indonésia e a repercussão entre autoridades brasileiras.

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Nico McLaughlin

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