Em meio à escalada de tensão no Oriente Médio após os ataques dos Estados Unidos a instalações nucleares iranianas, o secretário de Estado americano, Marco Rubio, fez neste domingo (22) um apelo direto à China: que intervenha junto ao Irã para evitar o fechamento do estratégico Estreito de Ormuz.
A declaração ocorreu durante uma entrevista ao programa “Sunday Morning Futures with Maria Bartiromo”, da emissora americana Fox News. Rubio classificou a possibilidade de bloqueio do estreito como uma “escalada massiva” e alertou para consequências severas, não só para o Irã, mas para toda a economia global.
“Incentivo o governo chinês em Pequim a contatá-los sobre isso, porque eles dependem fortemente do Estreito de Ormuz para seu petróleo”, afirmou.
🌍 O que está em jogo: por que o Estreito de Ormuz é crucial
O Estreito de Ormuz, uma faixa estreita de mar entre o Irã e Omã, é responsável pelo fluxo de cerca de 20% do petróleo e gás natural liquefeito transportados globalmente por via marítima. Qualquer interrupção nessa rota representa uma ameaça direta à segurança energética global, afetando mercados da Ásia, Europa e América Latina.
Na última semana, a emissora estatal iraniana Press TV noticiou que o parlamento do Irã aprovou uma resolução que autoriza o possível fechamento do estreito — medida encarada como retaliação direta aos bombardeios realizados por Washington.
✈️ Escalada militar: ataques dos EUA ao Irã
Segundo fontes do Departamento de Defesa americano, os ataques contra os complexos nucleares de Fordo, Natanz e Isfahan utilizaram:
- 14 bombas anti-bunker, capazes de penetrar instalações subterrâneas;
- Mais de duas dezenas de mísseis Tomahawk;
- Cerca de 125 aeronaves militares, incluindo bombardeiros furtivos.
O governo iraniano reconheceu oficialmente os bombardeios e prometeu reagir. No entanto, até o momento, a resposta de Teerã tem sido contida — embora haja crescente pressão interna por uma retaliação mais agressiva.
⚖️ A geopolítica do petróleo: o papel da China
O apelo de Marco Rubio à China não é apenas simbólico. O país asiático é atualmente o maior importador mundial de petróleo e tem no Irã um de seus principais fornecedores energéticos, além de manter fortes laços diplomáticos e econômicos com Teerã.
Para Rubio, Pequim teria mais influência sobre o Irã do que qualquer outra potência ocidental neste momento crítico:
“Se o Irã fechar o Estreito de Ormuz, não seremos os mais afetados. Outras economias, inclusive a da China, sofreriam impactos devastadores. Seria um erro catastrófico para todos.”
A embaixada chinesa em Washington foi procurada pela imprensa, mas não respondeu aos pedidos de comentário até o fechamento desta matéria.
💬 “Estamos preparados para dialogar, mas retaliações serão erro grave”
Mesmo com o tom firme, Rubio também deixou espaço para a diplomacia. Segundo ele, os Estados Unidos seguem abertos ao diálogo com o Irã, desde que o regime de Teerã esteja disposto a evitar novas provocações.
“Estamos prontos para conversar, mas se o Irã reagir com agressões, será o pior erro que já cometeram.”
🧠 Análise: a tensão que pode explodir globalmente
O possível fechamento do Estreito de Ormuz é uma das ameaças mais sérias surgidas nesta nova fase do conflito. Seria visto por Washington e aliados como um ato de guerra. Além disso, poderia:
- Disparar os preços globais do petróleo;
- Aumentar o custo da energia para países em desenvolvimento;
- Agravar tensões com países do Golfo e a OTAN;
- Provocar movimentações militares navais no Golfo Pérsico.
Para a China, um dos principais beneficiários da estabilidade no fluxo energético, a crise representa um dilema: manter a neutralidade estratégica ou assumir um papel mais ativo nos bastidores da diplomacia global.
📌 Conclusão
O apelo dos EUA à China reflete o novo xadrez geopolítico global: o Irã se fortalece como polo de instabilidade regional, os EUA buscam conter o avanço com força militar e diplomacia seletiva, e a China surge como o possível fiel da balança.
A continuidade do fluxo no Estreito de Ormuz será decisiva não apenas para o desfecho desse conflito, mas também para a economia global — e para o equilíbrio de poder no século XXI.